Ano Mundial Contra a Dor Pós-Operatória - 2017



Nos últimos anos atenção especial tem sido dada à dor como um dos parâmetros pós-operatórios de controle dos pacientes. A dor pós-operatória é considerada um importante marcador que tem sido incorporado como 5º. sinal vital do paciente no período imediato que segue à cirurgia. Chama a atenção, porém a queixa de dor persistente ou crônica que segue à cirurgia e mesmo após a cicatrização da região operada. As estatísticas mostram uma prevalência que varia entre 5 e 10% para esse tipo de dor. Em odontologia os procedimentos cirúrgicos, embora considerados em sua maioria de pequeno porte e risco, têm a particularidade de serem dolorosos e muitas vezes debilitantes. Os pacientes não precisam sofrer de dor apenas pelo fato desta ser considerada um processo normal. Atualmente estão disponíveis medicamentos e medidas não farmacológicas para o controle da dor aguda.
 
Por outro lado, a variedade de cirurgias bucais e maxilares realizadas na atualidade é grande, variando desde a uma simples remoção da polpa dentária à exodontia, cirurgia periodontal, remoção do dente do siso, colocação de implantes até às cirurgias extensas como dos traumatismos, tumores e ortognáticas. Em todos esses procedimentos as evidências científicas apontam para uma prevalência de dor persistente ou crônica semelhante a das cirurgias realizadas em outras regiões do corpo. Mais estranho e desafiador ainda, tanto ao paciente como aos profissionais da saúde, é a ocorrência de dor orofacial crônica após procedimentos odontológicos não cirúrgicos, como anestesia local, restauração do dente, clareamento dental ou trabalhos de prótese. Além disso, uma das causas importantes de dor orofacial crônica pós-operatória é a dor neuropática nem sempre reconhecida de imediato pelos cirurgiões. A dor crônica, como sabemos, é desafiadora, exigindo muitas vezes esforços multidisciplinares para seu controle, além de ter alto impacto na vida do paciente. Portanto, tanto o reconhecimento de fatores de risco como o diagnóstico precoce são necessários para criar estratégias de controle desse tipo de dor e, quando possível, de prevenção.

A literatura científica evidencia que um dos principais problemas nessa questão é a falta de esclarecimento do próprio profissional o que leva a demora no diagnóstico e tratamento do paciente. Portanto, essa iniciativa da IASP e da SBED de escolher como tema um assunto do cotidiano, como são as cirurgias e a dor delas decorrente, é fundamental para reciclar e atualizar o conhecimento dos profissionais de saúde e de conscientizar a todos - pacientes, profissionais e gestores de saúde - dessa importante questão: desde a fisiopatologia até a prevenção e tratamento.
  
Parabéns à SBED e a sua diretoria pela elaboração deste programa de Combate à Dor Pós-operatória. Sem dúvida eles contribuem para a educação continuada dos profissionais da área da saúde e também para a conscientização da comunidade.
 
 
 

Ficha Técnica


Depoimentos


  • Dra. Inês Tavares
    Como médica anestesiologista, é de fundamental importância tentar manter o controle da dor pós-operatória já no início, ao se realizar a consulta de avaliação pré-anestésica. No momento em que realizo essa consulta, já vou colher, através da história clínica criteriosa, se há antecedentes de dor crônica no paciente, o que aumenta a minha responsabilidade no intuito de promover um controle de analgesia de excelência. Dependendo do tipo de procedimento cirúrgico que é realizado, a dor pós-operatória deve ser tratada de forma efetiva, não minimizando nenhuma queixa de dor por parte do paciente com analgésicos de forma regular. Uma vez que eu não trato de forma adequada a dor pós-operatória, vou abrir espaço para os processos de cronificação da dor. Quando temos uma campanha desse nível, todo ano dando importância a um tipo de dor, isso significa despreparo, não só dos colegas anestesiologistas e cirurgiões, mas também do público leigo, que deve cobrar do seu médico uma dor pós operatória bem controlada. Então, essas campanhas são de fundamental importância para esse olhar, para esse despertar. Com essas campanhas inserimos o paradigma do alívio da dor como um direito humano.
    Dra. Inês Tavares
    Médica anestesiologista com atuação na área de dor, membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
  • Telma Zakka
    A dor pós-operatória determina sofrimento, angústia e desconforto, retarda a reabilitação física e interfere na qualidade de vida dos doentes. Por isso, avaliá-la criteriosamente e tratá-la adequadamente são de extrema importância para manter o bem estar dos nossos doentes e evitar a cronificação dos seus sintomas dolorosos. A utilização da escada analgésica da OMS, da analgesia multimodal, de procedimentos analgésicos isolados ou concomitantes, respeitando a individualidade dos doentes e a dinâmica do quadro clínico, permite abreviar, aliviar e melhor controlar a dor pós-operatória.
    Telma Zakka
    Médica responsável pelo Ambulatório de Dor Pélvica Crônica do Centro Interdisciplinar de Dor do HC-FMUSP e coordenadora do Comitê de Dor Urogenital da SBED
  • João Batista Santos Garcia
    Avançamos muito nas últimas décadas no conhecimento e entendimento do período pós-operatório, inclusive com novos fármacos em analgesia pós-operatória. A despeito disto, existe um déficit no controle da doença, observado em estudos realizados no mundo todo. Uma campanha como essa, liderada pela IASP e pela SBED, causam grande impacto, chamam a atenção à dor pós-operatória. É preciso lembrar que o paciente pode ter uma recuperação mais lenta, maior tempo de internação e aumentam as chances de problemas respiratórios, cardíacos e de coagulação, entre outros, o que são consequências extremamente danosas. Está claro que a intensidade da dor é diretamente proporcional ao risco de evoluir para dor crônica. O Brasil é um capítulo importante da IASP, o maior da América Latina, por isso tem papel fundamental em educar e melhorar estes indicadores em nosso país.
    João Batista Santos Garcia
    Conselheiro da International Association for the Study of Pain (IASP) e ex-presidente da SBED
  • Hermano Augusto Lobo
    Especialista em Anestesiologia, membro da Equipe de Controle de Dor da Disciplina de Anestesiologia do HCFMUSP e atualmente no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do HCFMUSP Campanha atual e relevante promovida pela SBED, capítulo brasileiro da IASP, em alusão ao Ano Mundial Contra Dor Pós-Operatória, com o objetivo de esclarecer, integrar e reunir esforços no sentido de melhorar o atendimento ao paciente cirúrgico, em conformidade com o moderno conceito multidisciplinar perioperatório. Esta iniciativa visa, por meio de esclarecimento em programação elaborada pela SBED, conscientizar e motivar as áreas envolvidas, otimizando a atuação conjunta, sinérgica e eficaz das equipes participantes no manejo da dor pós-operatória.
    Hermano Augusto Lobo
  • Antonio Carlos de Camargo Andrade Filho
    A dor pós-operatória ainda no Brasil continua sendo negligenciada, ou subtratada em muitos hospitais. Isso para o paciente não é bom, pois o sofrimento pode ser intenso e com consequências fisiopatológicas e funcionais danosas, algumas muito perigosas, muito bem entendidas hoje. A convalescença do paciente vai ser mais demorada, com maior ônus para o paciente e todo sistema de saúde. Lembro também que nos anos noventa, uma pesquisa efetuada na Austrália apontava que ao redor de 75% pacientes não aceitariam uma nova cirurgia, devido ao sofrimento pela dor pós-operatória.
    Antonio Carlos de Camargo Andrade Filho
    Titular da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, Membro honorário da Soc. Brasileira de Termologia e ex-presidente da SBED
  • Durval Campos Kraychete
    Esta é uma dor que normalmente os médicos e profissionais de saúde têm dificuldade em diagnosticar. Sua prevalência pode ser alta e chegar a 100% dos casos. É frequente em cirurgias de rotina, como hérnia inguinal, toracotomia, mastectomia, entre outras, e pode persistir além da dor habitual. É fundamental esclarecer que a dor existe, deve ser reconhecida como doença e tratada adequadamente, melhorando, assim, a qualidade de vida do indivíduo, evitando afastamento do trabalho e até mesmo transtornos psiquiátricos. Cabe ressaltar que a dor persistente, após a dor habitual pós-operatória, indica algo errado e é preciso investigar se as causas são decorrentes de complicações comuns. Deve-se avaliar a história clínica, realizar exame clínico e testes complementares. Se não encontrar nada que justifique, então considera-se a dor crônica. Identificando a causa, em presença de componente neuropático, é recomendado o tratamento adequado, geralmente com uso de bloqueios ou analgésicos tópicos. Friso, mais uma vez: qualquer cirurgia, independente do cirurgião ou da técnica empregada, tem potencial para evoluir para esse tipo de dor e por isso o quadro merece atenção.
    Durval Campos Kraychete
    Professor associado do Departamento de Anestesia e Cirurgia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-presidente da SBED

Logos oficias da SBED

Saiu o resultado da escolha do logo! A SBED é democrática! Procurando a melhor forma de agradar a todos que participaram da enquete para escolha do logo, a SBED resolveu utilizar de forma dinâmica todos os logos que estiveram disponíveis para votação. A disputa foi acirrada, obtivemos um grande retorno do público e, como houve alguns empates, resolvemos utilizar todos ao longo do ano.


 
 

 
 

Vídeos

Confira os vídeos do Ano Mundial contra a Dor nas Articulações: